segunda-feira, 8 de março de 2010

Mulheres com QI mais elevado são infiéis

Homens de QI elevado são monogâmicos, revelou a pesquisa de uma dessas universidades inglesas com nome de escarro. A matéria, exibida pelo Jornal Nacional associava (sem deixar claro se era uma opinião dos editores do telejornal ou dos pesquisadores) a monogamia à evolução da espécie humana e terminava com uma lamentação do jornalista sobre a atitude das mulheres, para quem a traição não seria questão de “inteligência, mas de vontade e oportunidade”, ao contrário dos sábios homens.

Mentira! O JN não revelou que a mesma pesquisa constatou que mulheres com QI elevado não são necessariamente monogâmicas e que a interpretação do pesquisador para evolução da espécie é a capacidade do ser humano de quebrar dogmas.

QIs a parte eu queria chamar a atenção para a intencionalidade dos discursos, dos pesquisadores e do Jornal Nacional. Primeiro, a pesquisa foi realizada dentro de uma escola de economia. Quer dizer que por trás da ligação QI/monogamia há uma questão econômica que não chega ao conhecimento do telespectador, mas permite localizá-la naquele campo de estudos que trata o sexo enquanto economicamente útil e delimita seu olhar por esta utilidade.

Segundo, a escolha da metodologia, a avaliação de QI, responde sobre as vozes reconhecidas pela pesquisa: pessoas cuja inteligência coincide com o conceito de inteligência dos pesquisadores. Sobre este assunto, gostaria de citar o filósofo Hilan Bensusan, para quem “as medidas de inteligência servem para que não precisemos prestar atenção no que todas as pessoas dizem – basta que escutemos as pessoas inteligentes; desde que, é claro, tenham dinheiro, prestígio e a cor de pele certa ”. Medir a inteligência pelo QI é descartar todas as inteligências que um ser humano possui e, neste caso específico, empobrecer o conhecimento sobre uma das maiores riquezas humanas: o amor.

Terceiro, o tom alegre da narrativa sobre a evolução da espécie, supostamente capitaneada pelos seres do sexo masculino, contrasta com o tom lamentoso sobre o comportamento das mulheres. Por que o título da matéria do JN não foi “mulheres com QI mais elevado são infiéis”?

sexta-feira, 5 de março de 2010

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A velha fórmula do macho branco estadunidense colonizador a salvar a pátria dos exóticos e ingênuos nativos. A heteronormatividade além mundos, a guerreira que ensina tudo ao macho, mas precisa dele para se sentir segura, o namorado ciumento que surta ao saber que o forasteiro acasalou com sua mulher. Cenas psicodélicas para uma odiosa caretice.