domingo, 21 de novembro de 2010

Outono em Barcelona

Éramos três fudidos em volta da mesa, inventando o almoço de domingo na sexta. No fogão, amor, manteiga e abobrinhas. Riso de nossas tragédias cotidianas, nosso sem rumo no mundo capitalista. Mar, onda, perfeita analogia para a cabeça de todo despistada. Poder caminhar de olhos fechados pela rambla e curtir o sol de outono na pálpebra, sustentado pela amizade. Da Catalunha a Andaluzia, todos os afetos me interessam.

sábado, 13 de novembro de 2010

Burrice bilíngue

isto de viver num país cujo idioma não domino faz com me sinta burra em duas línguas: a que não falo bem e a que falava bem até imergir nesta outra. quero dizer em português e os enunciados saem pateticamente castellanos, com todos os tus que não uso. tento falar em castellano e me afogo numa onda de se me te lo obtusos.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

solidão contente

isso de viver só nada tem de triste, só de um gosto de andar por labirintos na velocidade da luz. ninguém pode me acompanhar sem atrapalhar a brincadeira, sem se esfolar e sentir ódio da minha peraltice.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

De passagem

O que havia entre a gente era um lugar fora da nossa vida confusa. Um dia, uma noite juntos, era um tempo de caminhar no desconhecido, de flanar pela cidade em segredo, feito espectro atravessando coisas pesadas, saindo lindo do outro lado. A frequencia não era importante, era intenso, tanto, tanto, que eu ficava dias, cheia como um sapo só de lembrar de uma bobaginha que me disse. Hoje eu olhei pra nós, resolvendo coisas de ficar longe, para tentar ficar perto novamente e tive vontade de chorar.