quarta-feira, 29 de setembro de 2010

La inmigración

Das dez perguntas, cuja resposta memorizei, o menininho da imigração fez nenhuma. Interessou-se apenas em saber por que eu havia reservado um quarto com 8 camas, ao que respondi feliz: voy a compartir con otras personas. Gargalhamos e carimbou meu passaporte.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Desconhecimento contente

Não te deixes decifrar, não te quero devorar. Minha fome é de segredos. No negrume dos teus olhos é que me perco e no pôr do sol que eu mais me acho à vontade. Teu som mais bonito é este grito estridente em meu ouvido. O resto é blá blá blá.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

domingo, 5 de setembro de 2010

Ser diferente

Quando era criança minha tia dizia que se eu não tratasse do vitiligo, ia ficar muito feia e nenhum um homem ia querer namorar comigo. Eu respondia que só me interessava namorar com homens que gostassem de mim como eu era. Hoje ela se ri de minha astúcia aos 10 anos e de sua própria ignorância aos 30.

Hoje eu sei o quanto aprendi por esta diferença da pele, por este corpo que se auto-tatua, totalmente a revelia. Continuo pensando que quero namorar pessoas que gostem de mim como sou, mas isto já não tem mais nada a ver com vitiligo.

sábado, 4 de setembro de 2010

Manhã

Manhã
A vida parece o ofício
De enxaguar a terra
Secar feridas

Tarde
A luz diminuta
Firmo o passo
E acredito em mim
Acredito

Noite
Já estou certo
Que sobrevivo
Até amanhã, de manhã

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Hiper degradação humana

Que a TV se vale se mostrar seres humanos em situações degradantes para aumentar sua audiência não é novidade. Vide o desfile de cadáveres nas emissoras baianas na hora do almoço. Que o ser humano se submeta a situações cada vez mais degradantes por dinheiro, também não é novidade.

Ontem, consegui me chocar com o programa Hipertensão, da Rede Globo, apesar de todos estes precedentes. No velho modelo de competição que vai eliminando os concorrentes a cada episódio, a prova colocada para os “mais fracos”, aqueles que não conseguiram ter um bom desempenho numa das provas “radicais”, era tomar um coquetel que incluía bílis, sangue, vermes, gordura, fígado cru e outras nojeiras. A instrução da apresentadora era clara, “pode vomitar dentro do copo e continuar tomando, não pode vomitar fora”. Escapava da eliminação quem tomasse o coquetel de porcaria mais rápido.

Este tipo de concurso, que propõe a máxima humilhação da pessoa, em que homens e mulheres se sujeitam ao tratamento dos mais indignos por dinheiro, parece-me um bom retrato do capitalismo em nosso tempo. “A gente se vê por aqui”? Que medo!

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Desconexo

Tenho um vendaval na cabeça e um torpor, tipo quando a gente bebe demais e cisma de fechar os olhos. O mundo vai girando, a gente quer que ele pare, mas o mundo é desobediente. Abrir os olhos ajuda, por alguns segundos. Depois a gente fecha e começa de novo.


Penso em te dedicar um poema, mas o que escolho parece desconexo para a resposta a tua carta. Pode uma resposta ser desconexa? Pode! As conexões pertencem aos sentimentos, coisa que a palavra vive a bulir e, não raro, tonteia, desmaia e cala, sem dizer o que queria.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Sol de Primavera

Caminho de Pedra Furada, Carolina (MA)

Quando entrar setembro
e a boa nova andar nos campos
Quero ver brotar o perdão
onde a gente plantou
Juntos outra vez
Já sonhamos juntos
semeando as canções no vento
Quero ver crescer nossa voz
no que falta sonhar

Já choramos muito
Muitos se perderam no caminho
Mesmo assim não custa inventar
uma nova canção
Que venha nos trazer
Sol de primavera
abre as janelas do meu peito
a lição sabemos de cor
só nos resta aprender...

Beto Guedes