sexta-feira, 16 de setembro de 2011

ai, esse rapaz...

tome passiflora e delírio. o suador é certo, a confusão fatal. é assim sempre que ele vem.

domingo, 11 de setembro de 2011

ocê me ama?

depois que todas as promessas foram seladas na lama de seu quintal me chamou de cantinho e falou, posso te pedir uma coisa? me chama de ocê?

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Fim de tesis

Não, não se trata de "rimar amor e dor". Escrever sobre amor dói mesmo. Mexe lá no fundo, traz para o primeiro plano amantes, amados, amadas, feito videotape. Nem é a dor do parto, nem sai "a fórceps", sai numa alegria meio triste. É um interlúdio, mescla de sentimentos diversos.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Desenvolvimento à brasileira

Minha hipótese de que o crescimento econômico brasileiro é proporcional ao fascismo societal se confirma pelo aumento de assassinatos de mulheres e de homossexuais. O veto do kit contra a homofobia é mais uma peça nesse joguete do desenvolvimento a brasileira.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Simples carinho

A indevida associação sexo/genitália empobrece as relações sexuais e afetivas. No contexto heterossexual, a penetração é quase que uma sentença quando se vai para a cama com alguém e quando isto não ocorre, por qualquer motivo, uma das partes se explica ou tenta se explicar. O que queremos num encontro, muitas vezes, é só curtir um carinho, dormir abraçado, cuidar do outro e ser cuidado, beijar, tocar, sentir o cheiro, contemplar, brincar com todo o corpo e de formas diversas.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Relações Livres

Fiquei emocionada hoje vendo o pessoal da Rede Relações Livres - grupo cujo ativismo é meu objeto de pesquisa no mestrado - em reportagem da RBS. Adorei ver Maria falando que quando nossos parceiros têm outro encontro amoroso não ficamos num porão chorando, vamos fazer outra coisa bacana, como sair com amigos. Claro que a RBS faz sua coisinha heteronormativa na matéria - inicia com casais heterossexuais que são a favor da monogamia, a exceção de um machistinha que é a favor da não-monogamia somente para ele e não para suas parceiras; e termina com uma psicóloga, como se opinião de especialistas fosse fundamental para a compreensão de nosso desejo. Em síntese, eu diria que suporta uma relação livre quem tem amor próprio, quem se gosta e quem gosta de ter a si mesmo como companhia. Outros amores não são ameaças, porque sabemos que somos únicos e que cada relação é única. Um amor não ofusca o outro, pelo contrário, só faz reluzir tudo ao redor. Não é fácil ser livre, poli, ou num sei que lá e não é nada fácil ser monogâmico quando se deseja outra pessoa. Então, é quase uma questão de escolher com quais dificuldades se quer lidar e meter as caras. O apoio social está sendo oferecido por pessoas e grupos como o RLI, o PolyPortugal e o Poliamor Brasil - para citar os de língua portuguesa. Procure sua turma e se jogue!

quinta-feira, 10 de março de 2011

sampa

vim de outro sonho feliz de cidade e não há mutante que me convença a ficar. eu volto pra lá!

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

A transexualidade pela ótica da Globo

No momento em que se fortalece a luta pela despatologização da transexualidade, a Rede Globo insiste em abordar o assunto pela ótica do distúrbio. Se por um lado oportuniza a fala de pessoas limadas do discurso acerca da sexualidade - aliás, autorizadas nos espaços da pornografia, da psiquiatria, da bizarrice - por outro, reforça a ideia de que há um sexo determinado pela genitália, ao qual algumas pessoas, doentes, só conseguem aceder por meio de uma intervenção médica.

Não existem dois sexos, mas N sexos, que podemos acessar nos inumeráveis arranjamentos, durante nossa vida*. Posso estar homem, mulher, fera, neste meu corpo. Posso impor todo tipo de violência ao meu corpo, segundo meus desejos, processos cujo significado e a importância só podem ser definidos por mim.

Qual a distância entre uma mulher que põe xoxota e uma mulher que põe peito? Entre o bombadão da academia e a transexual? Entre passar um batom e colocar um pau? É passada a hora de dizer "não ao sexo rei", como já disse nosso querido Foucault**.


* DELEUZE, Gilles. A interpretação dos enunciados, 1977, p. 80-103. Deux régimes de fous. Paris: Minuit, 2003.

** FOUCAULT, Michel. Microfísica do Poder, p 229-242. Rio de Janeiro: Graal, 1979.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Que vitiligo legal!

Quando cheguei ao Burburinho, no Recife Antigo, a menina me perguntou: "você que é a gatinha vitiligo?" Não, eu não era e nem sabia do que ela falava, até que Grilo, o compositor cantou para mim a música que fez para uma de suas musas. Então fiquei lisongeada com a confusão.

Durante muito tempo pensei no vitiligo como uma doença, até compreendê-lo como uma característica. Como qualquer coisa "diferente" desperta a atenção das pessoas e o desejo de normalização por parte de muitas delas. Quando alguém vinha me dar uma receita para "me curar", eu sucumbia, me irritava e me entristecia. Hoje, simplesmente me recuso a ouvir ou respondo algo que faça a pessoa cair na real. Outro dia uma mulher me perguntou "qual o problema com a pele?" e eu respondi, "com a sua pele não sei, a minha está ótima". Outra me disse que "deus podia me curar" e eu, "se isso fosse verdade ele tinha te curado da sua inconveniência".

Mas, além dessas pessoas nefastas e monocórdicas há outras que se amarram, que se inspiram num corpo multicor, como Grilowsky. Queria que todas as meninas que escondem suas "manchinhas" ouvissem esta singela canção.


quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

ingenuidade do discurso

disse, "sei que isto pode parecer uma desculpa esfarrapada, mas este meu silêncio foi porque... " não sabia que tudo o quanto dissesse, até mesmo as desculpas esfarrapadas, me encantariam. a importância não estava no que dizia, mas no gesto de me querer dizer coisas, para me ter junto dele, uma vez mais.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Sexo, género y sexualidad en la encrucijada: Historias de construcciones sociales

Palestra realizada no espaço Medialab-Prado, em Madrid. O começo é um pouco chatinho, com apresentações dos presentes, mas vale a pena esperar pela palestra de Lucas Pratero e Davi Berná, excelente para quem se dedica a pensar o gênero e a sexualidade fora da perspectiva identitária.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

domingo, 6 de fevereiro de 2011

sonho de ano novo

meu ínico desejo para 2011 é viver num país menos machista. os meninos de Barcelona me fizeram lembrar como é gostoso ser tratada com respeito, carinho e admiração. les echo de menos, chicos!

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

mais presença

faz oito anos que não vejo meu amigo Nélio. faz quinze que penso nele todo santo dia. chega em tudo, sobretudo nas lembranças mais doces e se demora. meu índio, meu amor.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

presença

o corpo cruzou o mar, o mar cruza o pensar e te põe dentro, lá fundo de mim. entranhas atravessadas por tua presença, grãos cintilantes de desejo.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

o demônio de pelos rizados

Nunca pensei que pudesse ser tão simples, sem ser superficial, nem tão claro, sem ser explícito. Eu chamava, ele vinha, atrasado e bonito em suas camisas de brechó. Delicado, só me comia depois de passar longo tempo acariciando meu corpo e dizendo as coisas mais fofinhas em meu ouvido. Falávamos pouco, fodíamos muito, sempre ouvindo música boa que ele me ensinava. A festa adrentrava a madrugada, eu rindo e rindo. De manhã, pulava ao som do despertador e, como tentasse passar o café, me ordenava a voltar pra cama. Mais beijinhos, mais fofuras, mais promessas sob a bruma de seu cigarro. Nos vemos quando? Eu perguntava, aflita. Terça ou quarta, ele respondia. Eu suspirava com a promessa de felicidade da próxima quinta. Eu queria mais de seu corpo, é verdade. Tinha amor para cada dia, este mesmo que agora de tudo me despista. Mas o tempo de sua ausência foi de todo aproveitado. Quando não vinha o meu demônio de pelos rizados, eu sonhava sua chegada e agora, que só chega a saudade, eu penso naquelas noites como as melhores de minha vida. Tenho mãos para afundar nos seus cabelos.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011