domingo, 4 de novembro de 2012

Coda

Em meus tempos de estudante de jornalismo trabalhei num supermercado como promotora dos produtos Yoki, marca que não conseguirei dissociar mais do episódio de assassinato e esquartejamento de um certo executivo. Naquela época Yoki era sinônimo de pipoca que estourava toda, sem deixar piruá e era São João, que São Paulo comemora com quermesse.

No mercado em que trabalhava conheci Coda. Encantei-me de primeira com seu nome, o mesmo que intitulava um álbum do Led Zeppelin que eu adorava. Coda era linda, usava roupas discretíssimas, era animada, conversava com todos. Era promotora dos Biscoitos Renata. Com o tempo nos tornamos amigas e descobri que Coda, que fazia homens e mulheres quebrarem o pescoço quando passava, não gostava de sexo. Podia mesmo tornar-se freira, ela dizia.

Conversa vai, conversa vem, Coda acabou por me contar que fora casada com um misógino e que o casamento durou dois meses. Nunca transaram. Se conheceram na Igreja Batista e "Deus confirmou em sonho que eles eram feitos um para o outro". Ela gostava do jeito respeitador dele.O moço nunca avançou o sinal. Evangélica que era, chegara aos 25 virgem. Na noite de núpcias ela se aprontou toda. Camisola branca de renda que ganhara da sogra. O marido reagiu estranho e foi logo avisando que queria ficar só. Ela tentou conversar, mas a conversa terminou mal. Foi a primeira surra.Ela mudou de quarto, orou, pensou que o marido estava com o demo no corpo, falou com o pastor, com a sogra. Ninguém lhe dava crédito.Todo dia, quando chegava do trabalho, o marido batia em Coda, como que por hobbie.

Não me lembro como foi que ela saiu dessa, nem por que fora se refugiar em Bauru. Sei que Coda, que habitava as fantasias de todos nós, era virgem aos 30 e  dizia com a boca cheia que tinha nojo de homem.

sábado, 20 de outubro de 2012

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Se tem uma coisa da qual não me arrependo é de ter amado meus amores e ter feito isso em seu tempo. Há quem tente me convencer de que há algo errado nisso de amar várias gentes. Errado, me parece, são dois aflitos de desejo padecendo em convenções.


quarta-feira, 4 de abril de 2012

fundamentalismo

meu bode com os freudianos é que eles sempre acham que estão vendo alguma coisa que a gente não vê. nisso não se diferenciam em nada dos evangélicos.