sábado, 25 de outubro de 2008

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Você acordou cedo e fez a mala em silêncio.
Saí da cama às 10h, como sempre. Por volta das duas, pus a mesa. Você pediu um delivery de comida chinesa. Seguíamos bem em nosso teatro do dia-a-dia, até que você inventou de colocar aquela fitinha dos Beatles. Pra quê, amor?
Debruçamos sobre a mesa de fórmica, sei lá por quanto tempo. Braços entrelaçados, lágrimas convulsivas. Fiz a patética pergunta:
- Quer que eu chame um mototáxi?
Você partiu. Daquele dia em diante foi um tal de passar noite acordada, pintando poemas de Pessoa nas paredes do quarto, incomodando amigos e uma vontade danada de morrer aos 20 anos.

3 comentários:

edson disse...

Mônica, acho que você deve investir na literatura. Você é ótima ficcionista. Vivo.

Mônica disse...

Amore,
teu elogio me causou arrepios e tem quase que o sentido de uma ordem para mim, pelo escritor que você é pelo leitor crítico, que bem conheço.
um beijão,

Eu sou uma outra disse...

Há quanto tempo eu não ouço a palavra "mototáxi"... ai Mo.. mandaste muy bien.