domingo, 29 de agosto de 2010

Floripa, feminismo, amor e amizade


Minha relação com Santa Catarina sempre foi intensa. De luas cheias, mar, encontros inesperados, outros cuidadosamente agendados, gente linda que se inscreve em minha história, ali naquela terra. O encontro feminista, Fazendo Gênero 9, realizado em Florianópolis, de 23 a 26 de agosto, merece minha narrativa em primeira pessoa. É tudo verdade!

Cheguei ao congresso para apresentar um trabalho sobre heteronormatividade e não-monogamia, tema ao qual me entrego por amor e que me coloca, ironicamente, em absoluta solidão. Tecer palavras é ofício que se faz só.

Já na chegada em São Paulo, para uma conexão e um nascer de sol por detrás dos edifícios, encontrei Lu, do NEIM (Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher). Sob a luz laranja que invadiu o aeroporto de Congonhas, conversamos longamente sobre as relações afetivas neste século XXI. Em Floripa, mais mulheres, de todas as partes do mundo, e homens interessantes.

Uma placa na sessão de credenciamento, “INSCRIÇÕES ENCERRADAS”, dava conta das quase 5 mil pessoas que circulavam pela UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina).

Eu estava nervosa com meu debut em congresso e, especialmente, neste congresso, que vim a saber, é o maior encontro feminista do mundo, informação que me deu a mineira Keila, professora da UFOP (Universidade Federal de Ouro Preto), que trabalha com o impacto da formação de professores para a diversidade sexual nas escolas.

Gostei de apresentar meu trabalho. Ouvi de três homens que participavam do simpósio temático, Novas Perspectivas sobre Direitos Humanos: reconfigurações teórico metodológicas, novos atores e processos no cenário internacional e perspectivas para o contexto brasileiro, comigo, que o tema não-monogamia era inquietante e que nunca haviam pensado nisto criticamente. O coordenador do ST disse que meu texto era primoroso e fiquei “faceira”, como dizem os gaúchos.

Depois da apresentação, celebrei. Encontrei Nanda, amiga das antigas, que eu não via há quatro anos, e senti aquele frescor de que só o amor é capaz. Parecia que o tempo tinha voltado e a gente estava rindo e se abraçando como antes, como sempre. Falamos da vida, das nossas relações e percebi, com um pouco mais de clareza, o quanto é importante, para mim, dedicar aos encontros amicais a mesma exclusividade que dedico aos encontros amorosos. Preciso deste espaço de troca, absolutamente íntimo e secreto, com meus amigos.

Na volta, lua cheia e a alegria de pisar em Salvador, terra onde cultivo minha revolução pessoal. Aquela expectativa gostosa de, um dia, voltar a Santa Catarina, o canto mais precioso do sul do Brasil e um palpite sobre minha pessoa: eu vim aqui para desorganizar.

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