sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Insônia boa

São 3h30 da manhã e meu olho está estatelado. Paixão corre meu corpo de todos os jeitos, sai pelos poros.

Esta aventura de agora começou na UFBA, no dia que completei um ano de mestrado. Tive aula com Leandro Colling, disciplina Cultura e Identidades, tema Gênero. Isto nada diz de tudo o que senti naquela aula,naquele dia que uma mulher bem apagadinha saiu lá de dentro de mim para protestar contra o preconceito. Naquele mesmo dia, uma mulher que eu amava morreu num ataque fulminante do coração, na sala ao lado.

Aulas suspensas, morreu Neyde, uma anarquista. Na hora não senti nada, ou melhor, senti uma alegria por ela não ter sofrido. Soubemos ali, na hora que rolou, que ela pediu um copo d'agua e caiu morta.

Passei aquele dia e o outro pensando em Neyde, nos ensinamentos, na vida. Fui ao velório com minhas amigas. Não sou de velório, mas quis estar ali. Chorei e também ri muito a cada homenagem, cada história, cada foto de Neyde, alegre, com alto-falante, dançando, brincando de roda. Cantamos para ela uma música que nos ensinou, depois uma do Robertão, que eu nem sabia, ela era fã.

Engraçado, naquela semana, em especial, passei cercada de mulheres, lindas, poderosas, protagonistas de uma nova cena, com as crises de todas as cenas antigas.

Tinha preguiça de viajar. Em Porto Alegre, encontrei a "legião de demônios": Nilza, Foulcault, Boaventura, July, Rebeca, Charô... Deu nisso, insônia, vontade de viver, cada instante, como se fosse o último.

Ouço a gargalhada de Neyde.

Um comentário:

Meisonh disse...

Estatela! A vida é para isso!