sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Perolinha do Nietzsche

Felicidade do casamento - Tudo o que é habitual tece a nossa volta uma rede de teias de aranha cada vez mais firme; e logo percebemos que os fios se tornaram cordas e que nós nos achamos no meio , como uma aranha que ali ficou presa e tem de se alimentar do próprio sangue. Eis porque o espírito livre odeia todos os hábitos e regras, tudo o que é duradouro e definitivo, eis porque sempre torna a romper, dolorosamente, a rede em torno de si; embora sofra, em consequência disso, feridas inúmeras, pequenas e grandes - pois esses fios ele tem que arrancar de si mesmo, de seu corpo, de sua alma. Ele tem que aprender a amar, ali onde até então odiava e, inversamente. Nada deve ser impossível para ele, nem mesmo semear dentes de dragão no campo em que fizera cornucópias de sua bondade. - A partir disso podemos julgar se ele é feito para felicidade do casamento.

Aforismo número 427, do livro Humano, demasiado humano.

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